A nova série Boots, da Netflix, estreou há poucos dias e já está no centro de uma grande polêmica política nos Estados Unidos. O motivo? O governo de Donald Trump criticou publicamente a produção, classificando-a como “lixo woke”, em uma declaração oficial feita pelo Pentágono.
A fala partiu da secretária de imprensa do Pentágono, Kingsley Wilson, que não poupou palavras ao se referir à série e a outros conteúdos da plataforma de streaming. Segundo ela, “sob o presidente Donald Trump e o secretário Pete Hegseth, as Forças Armadas dos EUA estão voltando a restaurar o espírito guerreiro. Nossos padrões em geral são de elite, uniformes e neutros em relação ao sexo, porque o peso de um ser humano não é medido por se você é homem, mulher, gay ou hétero”.
Wilson ainda afirmou que “as autoridades não comprometerão nossos padrões para satisfazer uma agenda ideológica — ao contrário da Netflix, cuja liderança produz e alimenta consistentemente seu público e suas crianças com lixo woke”. As declarações rapidamente viralizaram, levantando debates nas redes sociais sobre o impacto de séries com temáticas LGBTQIA+ e o posicionamento político do governo norte-americano.
A trama de Boots
A série Boots estreou na Netflix no dia 9 de outubro e é criada por Andy Parker, inspirada livremente no romance The Pink Marine, escrito por Greg Cope White. A história acompanha Cameron Cope (interpretado por Miles Heizer), um jovem gay que ainda não se assumiu e decide se alistar no Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos para seguir seu melhor amigo, Ray McAffey (Liam Oh). A decisão impulsiva o coloca em uma jornada de amadurecimento e autodescoberta, marcada por desafios físicos e emocionais dentro de um ambiente militar tradicionalmente rígido.
O elenco conta ainda com nomes como Vera Farmiga, Max Parker, Ana Ayora e Kieron Moore, que ajudam a dar profundidade aos dilemas pessoais e morais dos personagens. Apesar da boa recepção entre parte do público, até o momento a Netflix não confirmou uma segunda temporada da produção.
A polêmica e o impacto cultural
A crítica feita pelo Pentágono mostra como Boots ultrapassou as fronteiras do entretenimento e entrou de vez no debate político e cultural americano. A série se tornou símbolo de uma disputa ideológica entre setores conservadores e produções que abordam diversidade, inclusão e representatividade LGBT+.
Ao classificar Boots como “lixo woke”, o governo Trump reforça um discurso contra obras que exploram temas sociais progressistas, posicionando-se em defesa de valores mais tradicionais. Por outro lado, essa reação também ampliou a visibilidade da série e intensificou discussões sobre liberdade artística, censura cultural e o papel do streaming na formação de opinião pública.
Mais do que uma simples história sobre jovens militares, Boots se tornou um reflexo das tensões sociais e políticas dos Estados Unidos. A repercussão da série e as críticas vindas do governo Trump mostram como produções audiovisuais continuam sendo palco de batalhas ideológicas. Ao mesmo tempo, o debate em torno de Boots evidencia a força da Netflix em colocar no centro da conversa temas que dividem opiniões, mas que seguem moldando o cenário cultural global.
