Durante o prestigiado Lumière Film Festival, na França, o aclamado cineasta Guillermo del Toro fez um dos discursos mais contundentes do evento — e o alvo foi a inteligência artificial generativa. Conhecido por obras como A Forma da Água e O Labirinto do Fauno, o diretor mexicano não poupou críticas à crescente presença da tecnologia na criação artística, deixando clara sua defesa apaixonada pela arte feita por humanos.
Durante a exibição especial de seu aguardado projeto, Frankenstein, del Toro fez um desabafo sobre o impacto da IA na indústria criativa. Em tom firme, declarou: “Vivemos em tempos perigosos – tempos em que temos vergonha das nossas emoções, em que nos dizem que a arte não é importante e que podemos fazer arte numa p*rra de um aplicativo.” Segundo o diretor, a substituição do toque humano por algoritmos ameaça a essência da criação artística e a sensibilidade que define a expressão humana.
Del Toro ainda foi além, fazendo uma crítica social e política à banalização da arte. “Quando nos roubam a arte e a emoção, isso nos leva à estética do fascismo”, afirmou o cineasta, arrancando aplausos da plateia. Ele destacou que a arte é o que diferencia o ser humano das máquinas — e que a emoção é um ato de resistência.
Falando sobre seu próprio processo criativo em Frankenstein, del Toro reforçou a importância do trabalho manual e da colaboração entre artistas: “Cenários reais, decoração em tamanho humano, miniaturas meticulosamente criadas... É uma ópera, feita por humanos para humanos. É um filme que está lá para nos lembrar que a arte não é apenas necessária, é urgente. E a IA pode se f*der!” A plateia reagiu com entusiasmo e aplausos calorosos, encerrando o discurso com o grito do diretor: “Viva México, cabrones!”
O longa Frankenstein, descrito por del Toro como seu “projeto dos sonhos”, é uma nova adaptação do clássico romance de Mary Shelley. A produção conta com Oscar Isaac e Jacob Elordi no elenco e promete ser uma obra visualmente impressionante, mantendo o estilo autoral e o olhar poético do cineasta.
As declarações de Guillermo del Toro sobre inteligência artificial reacendem um debate cada vez mais urgente no mundo do cinema e da cultura: até que ponto a IA deve participar da criação artística? Em um momento em que a tecnologia avança rapidamente sobre o campo da criatividade, o diretor mexicano relembra a importância da emoção, da imperfeição e da humanidade como elementos indispensáveis da arte.
Com sua fala direta e inflamável, del Toro deixa um recado claro para a indústria: por mais poderosa que seja, a tecnologia jamais substituirá o coração humano por trás de cada obra. Afinal, como ele mesmo afirmou, “a arte não é apenas necessária — é urgente.”
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