A inteligência artificial vem ganhando cada vez mais espaço no entretenimento, e a polêmica mais recente gira em torno de Tilly Norwood, apresentada como uma “atriz” criada por IA pela produtora e comediante Eline Van der Velden. O anúncio da personagem digital chamou atenção não apenas por sua inovação, mas também pelas duras críticas vindas de atrizes de Hollywood, que enxergam no projeto um risco direto para o futuro da profissão.
Van der Velden disse: "Para aqueles que expressaram indignação com a criação da minha personagem de IA, Tilly Norwood, ela não é uma substituta para um ser humano, mas uma obra criativa – uma obra de arte", declarou Eline em um post no Instagram.
"Como muitas formas de arte antes dela, ela desperta debates, e isso por si só demonstra o poder da criatividade", acrescentou ela, deixando que não vê sua criação como uma potencial 'concorrente' - ou ameaça - aos artistas de carne e osso.
"Vejo a IA não como uma substituta para pessoas, mas como uma nova ferramenta, um novo pincel. Assim como a animação, o teatro de marionetes ou o CGI abriram novas possibilidades sem prejudicar a atuação ao vivo, a IA oferece outra maneira de imaginar e construir histórias. Eu mesma sou atriz, e nada – certamente nem um personagem de IA – pode tirar a arte ou a alegria da atuação humana", concluiu.
Apesar do discurso conciliador, a repercussão foi intensa. A atriz Melissa Barrera, estrela da franquia Pânico, reagiu de forma contundente: “Espero que todos os atores representados pela agência que faz isso [incluir Norwood em seu casting] se danem! Que nojento!”. Já Mara Wilson, conhecida mundialmente pelo filme Matilda (1996), questionou o processo criativo por trás da personagem digital: “E quanto às centenas de jovens mulheres vivas cujos rostos foram compostos para criá-la? Não dava para contratar nenhuma delas?”. Essas falas reforçam preocupações éticas, principalmente sobre o uso de rostos reais na construção de personagens virtuais sem consentimento ou remuneração.
O caso de Tilly Norwood traz à tona debates urgentes sobre ética na inteligência artificial, direitos de imagem e o futuro da atuação. Enquanto empresas e agências enxergam oportunidades no uso de personagens digitais para publicidade e cinema, profissionais da indústria questionam os limites legais e morais desse avanço. A discussão também reflete um ponto central: até que ponto a inteligência artificial pode ser considerada arte sem prejudicar o trabalho humano?
No fim das contas, Tilly Norwood é mais do que uma personagem criada por IA — ela se tornou símbolo de uma disputa que deve marcar os próximos anos em Hollywood. De um lado, a promessa de novas formas de criação e inovação tecnológica; de outro, o receio de que atores e atrizes percam espaço para algoritmos. Uma coisa é certa: essa conversa está apenas começando, e os desdobramentos podem redefinir o futuro do cinema e da publicidade.
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