A compra da Warner Bros. Discovery pela Netflix acaba de ganhar um novo e importante capítulo — e agora o debate chegou oficialmente ao Congresso dos Estados Unidos. Segundo a Variety, um grupo de cineastas e produtores de Hollywood fez um apelo direto aos parlamentares pedindo que a negociação seja bloqueada, acendendo um alerta sobre os rumos do cinema, do streaming e de toda a indústria do entretenimento.
Os profissionais enviaram uma carta aos legisladores manifestando preocupação com os impactos que a compra pode provocar no mercado cinematográfico. O grupo optou por manter o anonimato por receio de possíveis retaliações, mas foi claro ao afirmar que a operação representa riscos significativos para o modelo tradicional de exibição nas salas de cinema. Um dos principais pontos levantados no documento é o temor de que a Netflix reduza drasticamente o tempo de exibição dos filmes da Warner nos cinemas, priorizando lançamentos diretos no streaming.
Segundo os cineastas, esse tipo de estratégia pode comprometer toda a cadeia do setor, atingindo desde grandes estúdios até exibidores, distribuidores e profissionais que dependem da bilheteria. A janela de exibição nos cinemas sempre foi considerada essencial para a sustentabilidade financeira dos filmes, além de ser um pilar histórico da experiência cinematográfica.
A proposta da Netflix envolve a compra da Warner Bros. Discovery por cerca de US$ 27,75 por ação, o que pode resultar em um acordo avaliado em aproximadamente US$ 83 bilhões em valor empresarial. Caso a negociação seja concluída, a Netflix passaria a controlar um dos maiores estúdios de cinema e televisão do mundo, além de marcas, franquias e um vasto catálogo de filmes e séries. Na prática, a empresa se tornaria, ao mesmo tempo, produtora, distribuidora e plataforma de exibição, consolidando ainda mais sua posição no mercado global de streaming.
O pedido ao Congresso dos Estados Unidos tem como foco uma análise rigorosa da operação sob as leis antitruste. A principal preocupação é a concentração de poder nas mãos de uma única empresa, o que poderia reduzir a concorrência, limitar a diversidade de produções e enfraquecer o mercado tradicional de cinema. Além disso, outras empresas do setor também demonstraram insatisfação com a condução da negociação, levantando questionamentos sobre possíveis favorecimentos.
Mesmo com o acordo em andamento, a compra ainda depende de diversas aprovações regulatórias. Esse processo pode levar meses e até mesmo resultar em exigências de ajustes ou no bloqueio total da operação, caso as autoridades entendam que o negócio prejudica a livre concorrência. A movimentação dos cineastas amplia a pressão política e coloca ainda mais holofotes sobre a decisão dos reguladores.
A compra da Warner pela Netflix vai além de uma simples negociação bilionária. Ele representa um debate direto sobre o futuro do cinema, do streaming e da forma como o público consome filmes e séries. Com artistas, estúdios, empresas e agora o Congresso envolvidos, o desfecho dessa história deve impactar profundamente a indústria do entretenimento nos próximos anos.
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