A Justiça de São Paulo negou o pedido de urgência para que a série “Tremembé” fosse removida do catálogo da plataforma Amazon Prime Video. A liminar solicitada por Sandra Regina Ruiz Gomes — conhecida como “Sandrão” — foi rejeitada pela juíza Ana Cláudia de Moura Querido, da 1ª Vara Cível da Comarca de Mogi das Cruzes (SP).
Em sua decisão, a juíza destacou que, embora a liberdade de expressão seja garantida pela Constituição, esse direito “não possui caráter absoluto” quando conflita com outros direitos fundamentais. Por isso, não cabe uma exclusão imediata da série sem a devida análise da defesa da Amazon.
Mesmo com a negativa da liminar, o processo segue. A plataforma de streaming e a produtora têm 15 dias para apresentar sua defesa judicial.
Por que Sandrão entrou com a ação
Sandrão afirma que a série distorce sua história real. Segundo a denúncia, a produção a retrata como “mandante e executora” de um crime — uma acusação que, conforme sua defesa, não corresponde à sentença criminal, que a reconheceu apenas como participante secundária.
Além disso, ela pede uma indenização de R$ 3 milhões por danos morais e uso indevido de imagem. Alega que não autorizou sua participação e que a dramatização exagerada da sua trajetória tem prejudicado sua reintegração social.
Outro ponto de crítica refere-se à representação de episódios e circunstâncias que ela considera “inverídicas” — o que, segundo a defesa, fere o direito à honra e à imagem.
O que é “Tremembé”
Lançada em 31 de outubro de 2025, “Tremembé” chega ao Prime Video como série de ficção com forte inspiração em crimes reais. A produção retrata a vida dentro da penitenciária homônima — apelidada de “presídio dos famosos” — e dramatiza as histórias de detentos de alta repercussão no Brasil. Entre os personagens estão nomes como os da criminosa retratada por Sandrão.
A proposta da série mistura eventos reais com ficção, o que acende debates sobre a linha tênue entre narrativa criativa e responsabilidade com fatos verídicos.
Curiosamente — e talvez por conta da polêmica — a série já foi confirmada para uma segunda temporada. A entrada de novos personagens promete aprofundar ainda mais a proposta do “true crime” nacional.
Implicações da decisão judicial
Para quem assiste: por enquanto, quem quiser conhecer “Tremembé” continua com acesso liberado. A decisão da Justiça impede apenas a remoção imediata da série.
Para o universo audiovisual e do streaming: o desfecho do processo poderá definir precedentes sobre retratos de pessoas reais em obras de ficção, principalmente em produções baseadas em crimes. A discussão envolve liberdade de expressão, direitos de imagem e responsabilidade editorial.
Para Sandrão: a negativa da liminar não descarta a possibilidade de indenização — caso a Justiça entenda que houve erro ou distorção nos fatos apresentados. A batalha judicial segue adiante.
A decisão de manter “Tremembé” no ar marca, por enquanto, uma vitória provisória para a série — mas o debate em torno da representatividade de crimes reais permanece vivo. O pedido de indenização e a acusação de distorção dos fatos continuam sob análise judicial. O resultado desse processo poderá ter impacto importante nas próximas produções de “true crime” no Brasil, influenciando como histórias reais de crimes são retratadas na ficção.