O lendário roteirista e cineasta Paul Schrader, conhecido por clássicos como Taxi Driver (1976) e A Última Tentação de Cristo (1988), reacendeu o debate sobre o futuro do cinema ao afirmar que “os filmes serão cada vez mais baseados em IA. É uma ferramenta”. A declaração vem de um dos nomes mais respeitados de Hollywood e reforça a presença crescente da inteligência artificial no cinema, tema que domina as discussões sobre o rumo da indústria audiovisual.
Durante a entrevista, Schrader foi direto: “Acho que estamos a apenas dois anos de assistir ao primeiro longa-metragem totalmente feito por IA”. Segundo ele, o uso da tecnologia não é apenas inevitável — é uma evolução natural no processo criativo. O diretor revelou até que cogita experimentar um de seus próprios roteiros com inteligência artificial. “Eu estava falando ao telefone com alguém hoje sobre um roteiro que eu tinha, e eu disse: ‘Sabe, esse seria um roteiro perfeito para ser feito todo com IA’”, contou o cineasta.
Schrader também destacou como a IA pode mudar a forma de representar emoções e atuações nas telas: "Quando você é um autor, precisa descrever a reação de alguém. Você usa um código — um código de palavras, um certo número de letras e assim por diante — e expressa a reação facial. Um ator tem seu próprio código. Bem, agora você é um pixelador e pode criar o rosto, a emoção no rosto e esculpi-la da mesma forma que um autor esculpe a reação em um romance ou conto", comparou. A fala indica que o uso de personagens digitais e atuações geradas por IA pode se tornar parte central da produção cinematográfica no futuro próximo.
Além de seu potencial criativo, Paul Schrader defendeu que a IA pode trazer mais imparcialidade à crítica de cinema e ao jornalismo cultural. “A IA faz uma cobertura melhor do que a média. Muitas vezes, quando você está fazendo uma cobertura, dá uma dica porque a pessoa que está pagando quer que ele goste disso. Já a IA não é passível de receber essa informação. Ela não precisa favorecer ninguém”, explicou o roteirista, destacando a independência das ferramentas automatizadas em relação a influências externas.
As declarações do cineasta levantam questionamentos importantes sobre o impacto da inteligência artificial na indústria do entretenimento, incluindo temas como direitos de imagem, autoria, ética e o papel dos profissionais humanos. Com o avanço rápido das tecnologias generativas, o cinema parece cada vez mais próximo de uma nova era, em que roteiros, atuações e críticas poderão ser criados por máquinas.
Para Paul Schrader, o uso da IA não é uma ameaça, mas uma oportunidade de expansão criativa. Ele a enxerga como “uma ferramenta” que pode redefinir a maneira de contar histórias e produzir arte. Caso sua previsão se confirme, os próximos anos podem marcar o nascimento do primeiro filme totalmente feito por inteligência artificial — um marco que mudaria para sempre a história do cinema.
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