A TV Globo pegou todo mundo de surpresa ao anunciar o cancelamento do documentário sobre a G Magazine, produção que já estava praticamente finalizada e seria lançada em breve no Globoplay. A decisão chamou atenção não apenas pelo estágio avançado do projeto, mas também pela importância histórica da revista, que marcou época ao exibir ensaios sensuais masculinos e abordar temas de sexualidade de forma aberta entre 1997 e 2013.
O documentário da G Magazine prometia mergulhar nos bastidores da publicação, trazendo entrevistas exclusivas com nomes como Mateus Carrieri, Vampeta e Alexandre Frota, que estamparam capas icônicas da revista. A produção vinha sendo desenvolvida com alto investimento — cerca de R$ 3 milhões — e já estava quase pronta para estrear no streaming. Mesmo assim, a emissora decidiu arquivar o projeto antes de ele chegar ao público.
Segundo comunicado oficial, a Globo justificou o cancelamento afirmando que “a história não chegou onde a gente queria”, destacando que a decisão teria sido puramente artística. No entanto, fontes internas e colunistas apontam outro motivo: uma possível autocensura interna, motivada pelo receio de reação negativa de parte do público considerado mais conservador.
Coincidência ou não, o cancelamento veio pouco tempo depois de uma pesquisa interna da emissora, chamada Brasil no Espelho, realizada pela Quaest, apontar que 96% dos brasileiros acreditam em Deus e valorizam fortemente temas ligados à família e à religião. De acordo com analistas do mercado, esses dados podem ter influenciado a postura da Globo em relação a conteúdos considerados mais sensíveis.
A emissora, por sua vez, negou qualquer tipo de censura. Em nota, afirmou que “não é verdade que houve qualquer tipo de censura ao documentário. O cancelamento foi decidido exclusivamente por questões artísticas”. Mesmo assim, a decisão gerou debate entre produtores, jornalistas e fãs, que consideram a G Magazine um símbolo importante da representação LGBTQIA+ e da liberdade de expressão no país.
Com o cancelamento do documentário sobre a G Magazine, a Globo interrompeu um projeto que poderia revisitar um marco da cultura pop e da mídia brasileira. A revista foi um fenômeno nos anos 1990 e 2000, quebrando tabus e dando visibilidade a temas que raramente ganhavam espaço na imprensa tradicional.
O caso reacende a discussão sobre liberdade artística, conservadorismo e censura na TV brasileira, mostrando como decisões editoriais ainda são influenciadas por questões sociais e culturais profundas.
Tags
Notícia
