Imagine a cena: um cão protagonista de filme de terror que se muda com seu dono para uma casa isolada e passa a encarar forças sobrenaturais — e, por acreditar ter entregue uma atuação digna de estatueta, lança uma campanha para o Academy Awards. É exatamente o que está acontecendo com o longa-metragem Good Boy (no Brasil, divulgado como Bom Menino), protagonizado por um cão chamado Indy, que agora busca reconhecimento formal na corrida pelas premiações.
Um filme diferente no Oscar 2026
Indy, o astuto cachorro do filme, virou o rosto de uma campanha inusitada para figurar na categoria de Melhor Ator. O estúdio independente IFC, distribuidor do filme, divulgou uma carta “escrita” por Indy para a Academia, na qual ele declara que, "Apesar da minha atuação aclamada pela crítica no filme Bom Garoto, - eu fui considerado inelegível para concorrer a categoria de Melhor Ator", o cachorro lamenta na carta. A equipe ainda continua a carta, "aparentemente, eu não sou um bom garoto o suficiente para você".
No pôster de divulgação, Indy aparece em destaque com elogios de veículos como o The New York Times e o IndieWire, reforçando a visibilidade da campanha.
Sobre o filme e o protagonismo canino
‘Bom Menino’ é um filme de terror contado sob a perspectiva de Indy. Ele se muda com o dono, Todd (interpretado por Shane Jensen), para uma casa abandonada no campo, onde o cachorro percebe barulhos, uma presença invisível e ameaça à vida de seu tutor. O filme marca a estreia na direção de Ben Leonberg, com roteiro assinado pelo próprio Leonberg junto de Alex Cannon.
A campanha e o debate sobre atores animais
A carta aberta de Indy vai além de uma brincadeira promocional: ela questiona por que performances de animais no cinema ainda não podem competir em categorias de atuação no Oscar — e põe em pauta se existe ou deveria existir uma categoria específica para “atores não-humanos”. A iniciativa chama atenção para como Hollywood trata — ou ignora — a participação de animais atores em papéis centrais, assim como o reconhecimento que lhes é concedido.
O que isso pode significar
A campanha de Indy tem pelo menos três implicações relevantes:
Visibilidade para o filme: ao criar uma narrativa diferente em torno da corrida ao Oscar, ‘Bom Menino’ ganha destaque adicional na mídia e entre o público.
Repensar critérios de premiação: o caso coloca em debate os critérios de elegibilidade em premiações cinematográficas — se atuar significa necessariamente “ser humano”, ou se a expressão de um animal em cena também pode contar.
Marketing criativo no cinema: ao usar um “astro” de quatro patas na campanha, o estúdio demonstra como estratégias de divulgação podem quebrar padrões e gerar conversa — o que em si pode aumentar o alcance do filme.
Em resumo, o longa-metagem ‘Bom Menino’ optou por uma abordagem inusitada para chamar atenção na temporada de premiações. Com seu protagonista canino Indy à frente de uma campanha para concorrer ao Oscar na categoria de Melhor Ator, a produção provoca reflexão e gera repercussão — mesmo que, formalmente, a elegibilidade para a categoria não tenha sido alterada. No fim, seja como símbolo ou movimento real, esta iniciativa evidencia como o cinema está disposto a brincar com convenções, a explorar novas ideias e a colocar sob os holofotes quem, até agora, ficava nas sombras.
