Bruna Linzmeyer volta às telas com um papel desafiador na série Máscaras de Oxigênio Não Cairão Automaticamente, produção brasileira da HBO Max que estreia em 31 de agosto. Durante uma coletiva no Festival de Gramado, a atriz chamou atenção ao comentar sobre as cenas de sexo que protagoniza na trama, defendendo que o público e o mercado audiovisual precisam rever a forma como enxergam esse tipo de representação.
“As cenas de sexo são oportunidades para nós contarmos narrativas que são importantes e fazem parte do nosso cotidiano. Eu mesma já estive em algumas destas situações por ser uma mulher e atriz jovens, mas já houve um grande avanço em como tais cenas são retratadas”, afirmou Bruna, destacando que esses momentos podem ser muito mais sobre narrativa e construção de personagens do que simplesmente sobre exposição física.
A importância das cenas de sexo para a narrativa
Na série, Bruna interpreta Leia, uma comissária de bordo envolvida em um relacionamento extraconjugal com o piloto vivido por Julio Machado. Mesmo em uma relação marcada por toxicidade, a personagem encontra no prazer um ponto central de sua experiência. Segundo a atriz, essa abordagem foi pensada em conjunto com a diretora Carol Minêm:
“Vejam a Leia, por exemplo. Eu e Carol [Minêm, diretora da série] nos preocupamos em priorizar o tesão. Como mostrar que Leia não é apenas uma mulher trouxa que caiu no conto de um homem? Nós usamos o sexo. Tanto que nunca vemos o rosto daquele homem, apenas no prazer que ela sente durante o ato. Isso nos mostra que, apesar do quão machista e babaca ele seja, naquele momento ele ainda consegue ser sensível ao ponto de dar o prazer que ela deseja. E é esse o ganho que ela tem nesta relação.”
Bruna reforça que, ao tratar o sexo de forma honesta, a série evita reduzir a personagem e mostra uma dimensão mais realista da sua vivência, mesmo dentro de uma relação desigual.
Comparação com cenas de violência
Durante a conversa, a atriz também comparou as cenas íntimas com outras representações comuns no audiovisual: “Tem muitas cenas que dão mais gatilho do que um toque físico, um toque de prazer. Temos cenas de violência, cenas de estupro, de abuso. Estas, sim, são problemáticas e requerem maior cuidado. Precisamos mudar nosso olhar para cenas de sexo."
Para ela, o impacto emocional de cenas de violência pode ser muito mais agressivo para o público do que sequências de intimidade consensual, que também fazem parte do cotidiano das pessoas e carregam valor narrativo importante.
Estreia de Máscaras de Oxigênio Não Cairão Automaticamente
A série Máscaras de Oxigênio Não Cairão Automaticamente promete ser uma das grandes estreias da HBO em 2025. Com cinco episódios, a produção mergulha no universo dos comissários de bordo nos anos 1980, explorando dramas pessoais e sociais em um período marcado por tabus e grandes transformações.
Para Bruna Linzmeyer, a trama é também uma oportunidade de ampliar discussões sobre como o sexo é mostrado na TV e no cinema, propondo uma representação mais responsável, livre de hipersexualização e com foco na construção de personagens complexos.