O filme brasileiro Pérola, dirigido por Murilo Benício e lançado em 2023, é uma adaptação da peça teatral homônima de Mauro Rasi. A obra apresenta uma narrativa tocante e autobiográfica, centrada na relação entre o dramaturgo e sua mãe, Pérola, uma figura excêntrica, intensa e extremamente presente na vida do filho. Ambientado em Bauru, no interior de São Paulo, o longa resgata memórias afetivas e familiares, explorando as tensões, o amor e as contradições típicas de lares brasileiros nos anos 1970.
A personagem Pérola, interpretada com sensibilidade por Drica Moraes, é o coração do filme. Ela representa a típica matriarca brasileira: dominadora, afetuosa, dramática e, por vezes, sufocante. Sua presença invade todos os espaços, não apenas físicos, mas emocionais, influenciando diretamente as escolhas e o comportamento dos filhos, especialmente de Mauro, vivido por Leonardo Fernandes. O filme equilibra bem o humor e o drama, revelando como o excesso de zelo materno pode ser, ao mesmo tempo, um gesto de amor e uma forma de controle.
A direção de Murilo Benício se destaca por manter a essência teatral da peça original, sem perder a fluidez cinematográfica. A narrativa não segue uma linearidade convencional, alternando entre presente e passado conforme as lembranças do protagonista emergem. Esse recurso enriquece a história, permitindo que o espectador se conecte profundamente com as emoções do narrador, sentindo tanto a nostalgia quanto os conflitos internos que ele carrega.
Pérola é, sobretudo, um filme sobre memória, afeto e identidade. Ele retrata como as relações familiares moldam nossas escolhas, traumas e aspirações. Ao revisitar o passado com um olhar mais maduro e compreensivo, Mauro busca não apenas entender sua mãe, mas também a si mesmo. A obra emociona por sua autenticidade e por capturar com precisão o espírito de muitas famílias brasileiras, tornando-se uma homenagem sensível às mães e à complexidade de suas presenças em nossas vidas.
Final explicado
O final do filme Pérola é emocional e simbólico, trazendo uma espécie de reconciliação do protagonista, Mauro, com suas memórias e, principalmente, com a figura da mãe. Ao longo da narrativa, ele revisita seu passado e revive situações marcantes com Pérola, percebendo que, apesar de todos os excessos, críticas e manipulações, o amor dela sempre foi genuíno, mesmo que expresso de maneira intensa e controladora.
No desfecho, Mauro, agora adulto e já distante da casa da infância, parece compreender que sua mãe não foi apenas uma figura autoritária, mas também uma mulher cheia de sonhos frustrados, medos e um amor imenso pela família. A morte de Pérola, embora inevitável, não é o foco do drama, mas sim o impacto de sua ausência e o legado emocional que ela deixou. Mauro consegue, enfim, aceitar sua história sem mágoas, com afeto e compaixão.
Essa aceitação é simbolizada pela forma como ele “conversa” com a memória da mãe, reconhecendo sua importância na construção de quem ele se tornou. O filme termina com um tom agridoce, misturando saudade e gratidão, e deixa uma mensagem clara: por mais difíceis que sejam as relações familiares, elas moldam nossa identidade e carregam um amor que, mesmo imperfeito, é profundo.
Onde assistir
O filme está disponível nos catálogos da: Globoplay, Prime Vídeo.
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