O Auto da Compadecida é um dos filmes mais emblemáticos do cinema brasileiro, lançado em 2000 e dirigido por Guel Arraes. Baseado na peça homônima de Ariano Suassuna, a obra mistura comédia, drama e elementos da cultura popular nordestina para contar a história de dois amigos, João Grilo e Chicó, que vivem de pequenos golpes para sobreviver no sertão. O filme é uma adaptação vibrante e cheia de humor que, ao mesmo tempo, reflete sobre temas profundos como a injustiça social, a fé e a astúcia dos mais pobres.
João Grilo, vivido por Matheus Nachtergaele, é o cérebro da dupla — um homem simples, mas extremamente esperto e cheio de artimanhas. Já Chicó, interpretado por Selton Mello, é um covarde cheio de histórias fantasiosas, que traz um tom ainda mais leve e divertido à narrativa. Juntos, eles se envolvem em diversas situações cômicas e absurdas, enfrentando figuras como o padeiro ganancioso, o cangaceiro temido Severino e o próprio Diabo, em um enredo que combina o real e o fantástico de forma magistral.
Outro aspecto marcante do filme é a forte presença do elemento religioso, que culmina na cena do julgamento final, onde Nossa Senhora, interpretada por Fernanda Montenegro, intervém para defender as almas dos protagonistas. A crítica à hipocrisia da sociedade e à corrupção das instituições é feita de maneira leve, mas impactante, tornando o filme não apenas uma comédia de costumes, mas também uma profunda reflexão sobre o Brasil e suas contradições.
O Auto da Compadecida conquistou tanto o público quanto a crítica, sendo aclamado como uma das melhores produções brasileiras. Seu sucesso se deve ao roteiro inteligente, às atuações memoráveis e à forma sensível com que retrata a cultura nordestina, sem caricaturas forçadas. Até hoje, o filme é lembrado com carinho e reverenciado por seu valor artístico e cultural.
Final explicado
No final do filme, após muitas confusões, João Grilo, Chicó e outros personagens morrem e se veem diante de um julgamento no céu. O Diabo aparece para condenar as almas, querendo levá-las para o inferno, mas antes que isso aconteça, chega Nossa Senhora (a Compadecida) para interceder por eles. Nesse julgamento, são revelados todos os pecados dos personagens — a ganância, a mentira, a traição —, mas também suas qualidades, como a fé, a humildade e a capacidade de arrependimento.
Nossa Senhora, mostrando compaixão e misericórdia, convence Jesus a perdoar alguns dos personagens, principalmente João Grilo, que apesar de suas trapaças, era um homem bom e sofrido. Chicó, que sobreviveu, também recebe uma nova chance. Assim, João Grilo é ressuscitado milagrosamente e volta à vida, aprendendo a valorizar ainda mais a honestidade e a amizade.
O final transmite uma mensagem forte sobre justiça divina baseada na misericórdia e não apenas no castigo. Ele reforça a ideia de que, apesar dos erros, aqueles que se arrependem sinceramente e têm um bom coração podem ser perdoados. Em meio ao humor, o desfecho é profundamente humanista e cheio de esperança.
Onde assistir
O filme está disponível nos catálogos da: Prime Vídeo, Globoplay.
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